A nossa irmã Iluminada foi uma mulher crente. Mulher porque amava a vida como se a tivesse gerado e crente porque acreditava num Deus que ia muito mais além do convencional. Gostava da leitura, onde tudo o que não era humano era questionado, porque para ela o humano já era divino.
Mulher forte como boa navarra. Uma missionária desde a infância e do que viveu em Angola não falava mais sobre isso, do que quando lhe pediam.
Quem morava com a Iluminada, sabia que ela era toda coração. Ela não gostava de mandar, mas também não obedecia por qualquer coisa que lhe pedissem. O seu sentido crítico, manifestado publicamente em ocasiões pontuais, fazia que passasse tudo pela mente e pelo coração. A sua mente, tão lúcida até ao fim, fazia que os projetos progredissem mesmo no meio das dificuldades. Ela suavizava as durezas só com a sua presença. Oportuna com a sua palavra a tempo e disposta sempre a fazer a paz ali onde intuía que podia haver guerra interior e/ou exterior.
Vivia nas tarefas diárias e por cima delas. Vivia o tempo sem pressa, como quando contemplava as plantas a crescer; dizia: já darão flores no verão. Ela gostou das coisas mais simples que se lhe apresentavam: um brinde de aniversário, um gelado no verão, uma viagem para conhecer algum lugar.
E morreu consciente de que a sua vida se acabava do mesmo modo que viveu, com humanidade e normalidade.
Um dos seus últimos comentários, recordando um escrito que lemos em comunidade: as folhas não caem, desprendem-se. Desprendeu-se sem fazer ruído, sem deixar-se cair. Sabia que desprender-se era continuar a viver na confiança do Amor da sua vida. SÓ DEUS BASTA.
Uma palavra: OBRIGADA
Um gesto: o seu SORRISO
Um olhar: cheia de MISERICÓRDIA
Uma virtude: a CONFIANÇA
Um sonho: ACOLHER o mais necessitado
As suas mãos: ABERTAS
A sua mente: ABERTA
Um sentido: o COMUM
Os sus pés: no BARRO da VIDA
Um desejo: ESPERAR sempre
O seu armário: com o IMPRESCINDÍVEL
A sua família: TODOS/AS
O seu coração: sem FRONTEIRAS