Sobre o papel dos cuidados na sociedade
As organizações Bosco Global e Redes – Enlázate por la Justicia, organizaram o Congresso da Cidadania no dia 28 de janeiro em Madrid para refletir sobre o papel fundamental do cuidado na sociedade e explorar novas formas de colaboração intersectorial.
Participaram no congresso Lucía Astiz, da equipa FET, Cristina Dávila, do Fundeo, e as irmãs Patricia Aguiar, da equipa FET, Ana María Chávez, Delegada Geral da Educação, e eu própria, enviada pela equipa de animação apostólica.
O congresso teve como objetivo analisar criticamente as estruturas que tornam as pessoas vulneráveis e promover a construção de um mundo mais justo e equitativo através da ética do cuidado. Foi muito inovador e prático. Duas mesas redondas apresentaram-nos as seguintes questões: Porque é que nos preocupamos? e É difícil cuidar nas nossas instituições? Que resistências existem?
Trabalhou-se sobre os três eixos fundamentais do cuidado: o cuidado de si próprio, o cuidado do ambiente e o cuidado dos outros. Os oradores insistiram muito na perspetiva política do cuidado, porque não basta fazer pequenos gestos de cuidado na vida quotidiana, mas temos de nos concentrar em mudar as estruturas da sociedade para desenvolver um sistema integral de cuidados baseado na comunidade e para defender o planeta e os mais vulneráveis e necessitados de cuidados em grande escala. Fomos instados a manifestar-nos contra o que está a acontecer a nível global e a sermos agentes de um novo cuidado, que coloca a comunidade, os laços e as relações no centro, com o sentido de que se nos salvarmos a nós próprios, todos nos salvaremos.
Insistimos também na importância de cuidar do cuidador, porque nos nossos ambientes socioeducativos, acompanhamos crianças, jovens e pessoas nas suas situações vitais e vulnerabilidades, e este acompanhamento afecta-nos, desafia-nos e muitas vezes deixa a sua marca em nós, e é importante sermos capazes de nos acompanhar e de nos sentirmos acompanhados nas nossas instituições.
A dinâmica do encontro foi muito participativa: todos participámos num workshop sobre a criação colectiva de Cuidatopías e tivemos uma feira de iniciativas inovadoras em que participaram organizações que estão a desenvolver projectos neste campo.
Este congresso motivou os participantes a continuar a trabalhar nos nossos centros socioeducativos para colocar a ética do cuidado num lugar privilegiado da nossa missão, para construir comunidades que cuidam e são cuidadas. (Ana Royo, stj)